Quando devo fazer terapia? Não há uma resposta certa para essa questão, porém, há situações que podemos usar para tentar chegar a uma resposta coerente.
Há um mito em nossa sociedade de que a busca por auxílio psicológico é um sinal de fraqueza e que conseguir suportar as dores da existência, ao contrário, é ser forte. E, de verdade, isso é muito triste! Pois faz com que nós ignoremos nossos sentimentos e pensamentos, procurando sempre demonstrar felicidade, como se a nossa existência fosse feita apenas de momentos motivadores e como se a dor fosse algo em que só os fracos sentissem.
Terapia: a ajuda necessária
Nas palavras de Shakespeare:
“Todo mundo é resistente a dor, exceto aquele que a sente.”
E essa afirmação é uma verdade! A dor pesa, pois ela reduz nossa força de vontade em lidar com as adversidades da vida, a dor deprime, desviando nossa atenção do brilho da vida e também reduz nossa potência de vida. Porém, somos nós quem decidimos o que fazer com ela. Se vamos senti-la e fingir que não é nada, ou se vamos enfrenta-las de alguma maneira saudável.
De toda a maneira a dor precisa ser sentida, no entanto, as vezes essa dor é intensa e contínua, e como já dito, com isso reduz nossa potência de vida, por essa razão não conseguimos lidar com ela sozinhos, então, nesses momentos, temos também a opção de pedir ajuda, encontrar pessoas com as quais podemos nos abrir e das quais irão nos dar conforto e consolo.
Não banalize a terapia
Mas, acredite, em um mundo onde as relações estão cada vez mais superficiais e banalizadas, pedir ajuda é um ato de extrema coragem e força!
Ao contrário dos problemas puramente físicos, nos quais podemos muitas vezes toca-los, ou pelo menos ser vistos por outras pessoas. Os problemas que envolvem a saúde mental, como pensamentos negativos, ansiedade, medo, culpa, tristeza e uma série de outros problemas, dificilmente podem ser vistos com facilidade.
Muito menos tocados a mãos nus, nem por nós e nem pelos outros e por isso muitas pessoas deixam passar, banalizando-os ou tardando na procura pelo auxílio profissional. E, desta forma, convivem com aquela dor ou sofrimento por longos períodos, ou então, procuram alívio através de escapismo, ou práticas sabotadoras como o uso de drogas, que muitas vezes são associadas a prazeres.
Ou talvez se tratarem em diversas vezes de serem práticas realizadas com amigos ou colegas, mas que acabam por agravar ainda mais o quadro de saúde mental/dor.
E isso é um reflexo da nossa própria cultura, e que muitas vezes é fortalecida por práticas e falas que usualmente, como já dito no texto, reforçam a errônea ideia, de que o tratamento em saúde mental é para os fracos. (como “fracos” podemos entender um grupo de pessoas que não sabendo lidar com suas próprias dores, procuram ajuda em outros.).
Quanto a pergunta feita: “Quando devo procurar uma terapia?”
Não há resposta certa, falsa ou verdadeira, de quando se deve procurar por terapia, pois é algo particular. Que apenas a pessoas consegue perceber o momento. E daí, entra aquela famosa frase: “Reconhecer já é um grande passo”.
Entretanto, é certo que a busca pela terapia é um ato de rompimento com nossa cultura, tanto de banalizar a saúde mental, quanto a de querer soluções rápidas e respostas imediatas para os problemas.
Fato é que não há mudança que venha fácil e instantaneamente, toda transformação requer tempo e cuidado, entrega e comprometimento. Toda mudança requer atenção, dedicação e também que a pessoa acredite na transformação.
Faça terapia quando sentir necessidade!
Precisamos respirar às vezes, olhar para dentro e tentar não sabotar o que sentimos.
Pois o que sentimos é apenas nosso, então, nós temos que nos dar o direito de decidir o que fazer e tomar decisões com responsabilidade sobre aquilo que sentimos.
Texto produzido pelo Psicólogo Remo Santos, siga-o no Instagram para mais conteúdos